Quilombo Tererê

Vera Cruz

A palavra “Tereré” é de origem indígena (tupi-guarani) muito provavelmente herdada pelas tribos de índios Tupinambás, primeiros habitantes da Ilha de Itaparica e dá nome originalmente a uma bebida feita da infusão de erva-mate.

A fonte do Tereré, localizada no bairro da Ilhota (Vera Cruz-BA), foi canalizada e modificada há mais de 70 anos porém já existia como minadouro desde a época anterior à chegada dos portugueses sendo desta maneira batizada com uma denominação indígena, ficando até hoje com esse nome.

Em torno da fonte do Tereré constituiu-se toda uma comunidade que conserva até hoje sua história através da memória dos seus antepassados. Dentre estas histórias estão as lendas que falam da mangueira centenária protetora da fonte que abriga também um misterioso cavaleiro todo vestido de branco. Conta-se que ele anda à noite num cavalo de ouro por toda a ilha, de sete em sete anos, e em especial no dia do Nosso Senhor de Vera Cruz (14 de setembro).

Na mangueira, afirmam os mais velhos, há um homem e uma mulher em forma de espírito vestidos de branco e uma cobra gigante que muda de cor e que ninguém nunca conseguiu matar.  Nas matas próximas da bica do Tereré, conta-se que há uma pedra que chora e que por esse motivo nunca foi retirada do seu lugar de origem além de um negro alto e magro que corre nas margens do rio local.

A preservação dessa história está ligada à própria preservação da fonte e de todo entorno ambiental da região, pois as lendas sustentam a ideia comum de respeito e sacralização do local. Deve-se este vínculo de memória sempre viva à cultura oral em uma população quase que totalmente afrodescendente do Quilombo do Tereré que se constituiu maciçamente por filhos, netos e bisnetos de escravos, em sua maioria vindos de Maragojipe e Euclides da Cunha e descendentes, também de indígenas que povoavam toda a região da Ilha desde antes da colonização do Brasil.

Os afro-descendentes vieram a fim de trabalhar como posseiros das lavouras de mandioca, milho, aipim, dendê, trigo, cana-de-açúcar entre outras. Eram terras sem escritura onde essa comunidade se fixou há mais de 50 anos preservando a oralidade e as tradições e valores familiares.

Foi nessas terras que a crescente população se sustentou com a cultura da casa de farinha, dos tachos de dendê para fabricação do azeite, criação de animais para o abate e o assar das castanhas para a venda no mercado informal local., agricultura familiar e a pescaria nos riachos que cortam toda a região.

Na fonte da bica também era comercializada a água pela comunidade, pois nessa época não existia água canalizada além do trabalho das lavadeiras que faziam seu ofício em um local chamado de “silêncio” e onde também aconteciam as reuniões de samba de esparro. Atualmente este local é ocupado por um terreiro de candomblé que já funciona há aproximadamente quinze anos.

Hoje, a bica do Tereré onde corre água ininterruptamente, é onde está comunidade Tereré foi certificada dia 07 março 2016, pela Fundação Palmares como remanescente de quilombo. Estamos integralmente no PDDU como nona especial quilombola. 50 hectares onde 30% são reserva ambiental 10% de agricultura familiar 10% com habitações, celeiro de riquezas sócio-culturais e ambientais sendo uma atração turística da região da Ilha de Itaparica e Vera Cruz e também onde fica localizada a sede da ONG  Quilombo do Tereré.

O espaço natural do Tereré foi aos poucos constituindo-se como fonte inspiradora de músicos e atletas nativos. O campo de terra batida é o local de ponto de encontro dos jovens para a prática de esportes, principalmente capoeira angola e regional, puxada de rede, maculelê, teatro, futebol e boxe, sendo também utilizado para festas, como a tradicional cavalgada em Julho e ensaios das bandas afro samba reggae locais.

Com o passar do tempo, a prática da capoeira, do samba de roda e do maculelê herdada do recôncavo baiano, tornando-se uma atividade constante e incorporada às demais celebrações da rotina do Tereré.

Na década de 40, apesar de ter esse caráter de lazer informal, havia grande preconceito em relação aos praticantes de capoeira que eram vistos como marginais e malandros, perigosos e temidos pela sociedade.

Tempos depois, já na década de 90, as aulas aconteciam ao ar livre, informalmente e em dias aleatórios, sendo uma atividade lúdica promovida pelos principais líderes que atuam hoje na ONG, consolidando-se com o passar dos anos em um lazer resgatando brincadeiras como a ciranda e o garrafão, histórias e lendas tradicionais além da prática da capoeira enquanto esporte, o que afastou muitas crianças do uso de drogas, violência e da prostituição que já era crescente na Ilha nessa época.

Legalmente, a ONG de arte e cultura Quilombo do Tereré, foi oficializada em 2012, seguindo todos os procedimentos necessários para efetivar um trabalho que já existia, revitalizando o samba de roda, o maculelê e a capoeira e a história oral da comunidade e tem como principal objetivo proporcionar às crianças e adolescentes das comunidades da Ilhota e adjacências, em Vera Cruz, a socialização e revitalização dos valores ancestrais, em especial de antepassados afro-descendentes e indígenas.

Entretanto o trabalho de educação e cultura dos principais líderes da ONG já acontecia informalmente há vinte anos, resgatando brincadeiras como a ciranda e o garrafão, histórias e lendas tradicionais além da prática da capoeira.

Atualmente são oferecidas aulas de confecção de instrumentos com recursos naturais da própria região além de projetar-se para o futuro a utilização do espaço pertencente à comunidade como área de camping e ponto de Cultura com apresentações teatrais, cinema e rodas permanentes de capoeira para turistas e praticantes.

Nesse contexto, os membros da comunidade do Quilombo do Tereré, mantém costumes ancestrais nas casas de farinha, construções de taipa, agricultura familiar, criação de animais, fabricação artesanal de blocos e as tradições preservadas pelos mais velhos como os velórios, as benzedeiras, as parteiras e os rituais sagrados ligados a santos católicos, caboclos e aos orixás, os “causos” e repentes compartilhados ,  mantendo com a ONG forte identidade ancestral e de cooperação.

Visita guiada pelo Mestre Reitel a Rota das Essências e Saberes dos Quilombos Tereré e Maragojipinho, numa experiência incrível de imersão nos saberes e fazeres quilombolas pertinho de Salvador.

A essência da Capoeira Angola, o contato direto com a natureza e com a gastronomia local fazem desse roteiro um dia deslumbrante de retorno as suas origens.

A rota inclui

  • Receptivo com Roda de Capoeira;
  • Palestra da história do Tereré;
  • Caminhada e visita ao primeiro Museu da Memória Viva dos Quilombos Tereré e Maragojipinho;
  • Visita até o Terreiro - centro religioso;
  • Visitar aos quintais quilombolas;
  • Visita à nascente do Urubu;
  • Retorno para do Sede do quilombo;
  • Almoço e roda de despedida no campo do Tereré;

Programação

Roteiro 1 Dia
1º recepção ao som de berimbau e pandeiro, uma roda de boas vinda no espaço da fonte da bica do Tereré e cada participante receberá uma garrafa personalizada com a marca dos roteiros quilombolas do Tereré e Maragojipinho.
2º palestra da história do Tereré.
3º caminhada até nosso ponto de cultura e o primeiro Museu da Memória Viva dos Quilombos Tereré e Maragojipinho. Centro o espaço sagrado onde todos se apresentarão e farão fotografias.
4º visita até o Terreiro para contemplar a energia do espaço e saber o pouco sobre o centro religioso.
5º visitar um quintal de uma quilombola e conhecer os plantas e as ervas medicinais e sagradas e os benefícios delas. Nessa visita, conhece-se as plantações de pomar e raízes como: aipim ,iame, batata, acerola, limão, manga, carambola, abacate. Caso queira alguns itens da horta, combina-se o valor no local.
6º visita à nascente do Urubu.
7º Retorno para do Sede do quilombo e conhecer os produtos à disposição do visitante (artesanatos, gêneros alimentícios direto dos produtores: berimbaus, bolsas, saias, sofá, tiara, tapete, garrafas, camisetas, xícaras, mandalas, filtros dos sonhos, cocadas, sequilhos, beijus, geladinhos, acarajés, bolas, sucos das frutas locais, bolo de estudante, suco verde, aipim, mel, própolis, azeite artesanal de pilão, mingau, cuscuz etc).
8º Almoço e roda de despedida no campo do Tereré.(a depender da ocasião pode ser de frutos do mar, feijoada tradicional, mocotó ou galinha 🐔 de quintal)

Duração: Duração de 02h a 04h com direito ao lanche e almoço
Monte sua Vivência!
( ) Vivências culturais com confecção de instrumentos como: reco-reco, berimbaus, maracás, caxixis, mandalas, filtro dos sonhos, bolsas e bonecas crochê e saias afro-indígena com licuri.
Valores:
Duração: 2h
Duração: 4h

( ) Aulas de Capoeira Angola, Maculelê e Samba de Roda
Duração: 2h
Duração: 4h

( ) Vivência com o dendê artesanal de pilão.
Duração: 2h
Duração: 4h

( ) Vivência com os saberes da gastronomia dos Quilombos Tereré e Maragojipinho
Duração: 2h


Hospedagem
( ) Hospedagem das casas quilombolas do Tereré e Maragojipinho: 2 quartos, cozinha, sala, banheiro e móveis
( ) Diária no espaço externo do Museu dos quilombos (área verde) para acampar (somente barraca de camping) não incluso café da manhã ou almoço (sem barraca de camping)

Operador - Bahia Turismo e Arte

A Agência Bahia Turismo e Arte é a única agência especializada em Turismo Étnico Afro e Indígena da Bahia. Uma imersão cultural única e surpreendente.
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