A Salvaguarda pode ser descrita como um conjunto de medidas que objetivam garantir a viabilidade do patrimônio cultural imaterial, tais como a identificação, documentação, proteção, promoção, valorização e transmissão desse bem.
A Capoeira na Bahia tem seu primeiro reconhecimento como patrimônio imaterial cultural através do IPAC (Instituto do Patrimônio Artístico Cultural), no ano de 2006. Logo depois, no ano de 2008, a Roda de Capoeira e o Ofício de Mestre de Capoeira são registrados pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Em 2014, a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) concede o título de Patrimônio da Humanidade à Roda de Capoeira.
Esse reconhecimento confere responsabilidade ao Estado e ao povo brasileiro de valorizar os saberes e fazeres de capoeiristas e garantir a divulgação e promoção da Capoeira como símbolo identitário e de memória nacional. Preservando, assim, suas características de resistência, solidariedade e herança afrobrasileira. Portanto, a política de salvaguarda é criada após o registro como patrimônio imaterial, para garantir que os detentores, em parcerias com órgãos de estado, possam seguir ensinando e transmitindo essa manifestação cultural.
Na Bahia, a comunidade da capoeira se mobilizou no ciclo de Seminários “Salve a Capoeira”, realizados entre 2013 e 2016 com apoio do Iphan e a participação de quase cem municípios baianos. Foram formados Grupos Territoriais e se aprovou um Plano de Salvaguarda da Capoeira na Bahia, composto por 72 ações prioritárias. Em seguida, foi eleito um Conselho Gestor que traz na sua estrutura capoeiristas e representantes de órgãos públicos que atuam em relevantes áreas para a capoeira. Esses membros têm o papel de estabelecer esse diálogo entre tais órgãos e a comunidade capoeirista na Bahia, dar encaminhamento às ações do Plano de Salvaguarda e serem consultados na formulação e implementação de políticas públicas para a capoeira.
O Conselho Gestor da Salvaguarda na Bahia foi formalizado pela Superintendência do Iphan na Bahia com publicação da Portaria nº 42/2018, de 28 setembro de 2018. A Coordenação Geral do Conselho Gestor assume, a partir desse ano, todas as funções antes desempenhadas pelo Iphan Bahia.
No histórico da Salvaguarda na Bahia temos registradas diversas ações de fomento à implementação de políticas públicas direcionadas para a capoeira, tais como implementação das Leis Municipais de Capoeira na Escola e da luta por aprovação de uma lei estadual que garanta o acesso do patrimônio aos espaços de educação formal, criação de editais específicos para a capoeira, dentre outras ações.
Com o advento da Lei Emergencial da Cultura – Aldir Blanc e chamamento público realizado pelo IPAC, o Conselho Gestor construiu, em parceria com a ACEB – Associação Classista de Educação e Esporte da Bahia – o Projeto Salvaguarda da Capoeira da Bahia, , se dedicando a elaborar um livro, um documentário e um portal digital. O livro e o documentário retratam um pouco da história, tradição, fundamentos e diversidade dessa arte-luta, patrimônio imaterial baiano, brasileiro e da humanidade. Já o portal traz cinco sites, com informações sobre a capoeira e seus mestres; mapeamento da capoeira da Bahia; repositório de livros e teses sobre o tema; cursos de formação voltados para capoeiristas; roteiros turísticos da capoeira baiana; e uma loja virtual com a produção de mestres artesãos.
O projeto Salvaguarda da Capoeira da Bahia percorreu parte do território baiano, articulando 15 territórios de identidade do estado, com ações diretamente realizadas em 12 cidades-polo: Salvador, Santo Amaro, Feira de Santana, Ilhéus, Porto Seguro, Vitória da Conquista, , Lençóis, Barreiras, Bom Jesus da Lapa, Lauro de Freitas, Vera Cruz e Camaçari, com foco no registro de grupos, mestres, mestras e seus espaços de treinamento.
O Projeto Salvaguarda da Capoeira da Bahia teve o apoio financeiro do Estado da Bahia, através da Secretaria de Cultura e do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo, Governo Federal.
Raquel Cordeiro Leite (Mestra Raquel), Carlos Fabiano Oliveira (Contramestre Tchê Tchê), Edinaldo de Jesus dos Santos (Contramestre Varal), Renato Santana dos Santos (Mestre Alicate), Mateus Soares de Lucena (Mestre Garrote), Cláudia Viana Ávila D’Andrade (Mestra Cláudia), Joanilson Luciano da Silva Junior (Mestre Dimainha), Klevson Gomes (Contramestre Saci), Wilson Felix Sampaio (Contramestre Dunga), Wilson Bittencourt (Contramestre Wilson), Gilséa Maria de Azeredo (Contramestra Doutora), Antônio Santos Ferreira Filho (Mestre Acordeon), Rilza Camões, Fabricio Souza (Contramestre Tatuzam), Maria Cristina dos Anjos Ramos (Mestra Nzinga), Décio Luís de Jesus Dias (Professor Nego Décio), Raimundo José das Neves (Mestre Macaco), Jaylson Araujo dos Santos (Mestre Nego Jay), Olívia Roberta (Professora Negona), Genivaldo dos Santos Ferreira (Mestre Pingo), Jorge Sousa do Nascimento (Contramestre Pica-Pau), Renato da Silveira Daltro (Mestre Daltro), Valdec Loboasy Cirne (Mestre Valdec), Roosevelt Leonel (Mestre Saúva).